John Wick: Um Novo Dia Para Matar (Chad Stahelski, 2017)

Existem filmes de ação… E existe John Wick. Quase uma paródia do gênero, a franquia iniciada em 2014 traz um herói nem-tão-musculoso e nem-tão-heroico envolto num universo próprio de mafiosos e assassinos, organizados impecavelmente por contratos, regras e moedas próprias. Mais do que conquistar o público na base de tiro, porrada e bomba (abundantes, diga-se de passagem), a saga prende pelo contexto e, lentamente, começa a formar uma mitologia particular, com potencial para se expandir numa franquia duradoura.

Keanu Reeves, quem diria, é o protagonista que dá nome à série. Fiel à sua linha de atuação pouco expressiva, quase cínica, mas proficiente em coreografias de artes marciais, Reeves encarna com gosto o assassino John Wick – um homem que, anos atrás, abandonou o mundo do crime para se dedicar à vida civil com sua esposa. Depois que ela morre, um ataque repentino ao seu carro e sua cachorrinha o obrigam a voltar à ativa, em busca de vingança.

Isso tudo acontecera no primeiro filme e, agora, chega aos cinemas o segundo episódio, sob o subtítulo jamesbondiano “Um Novo Dia Para Matar”. Desta vez, Wick será chantageado a voltar ao “trabalho” e realizar mais um assassinato, como pagamento de uma dívida. Sem escolha, ele aceita o contrato, mas uma trapaça o coloca na mira de outros assassinos como ele.

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A trama do segundo filme não é tão enxuta quanto a do primeiro e a própria duração do filme (20 minutos mais longo) denuncia a intenção de dar mais fôlego à franquia. De fato, agora podemos ver com mais detalhes o funcionamento interno da máfia e o modus operandi do anti-herói (que vive algumas cenas dignas dos agentes de “Kingsman – Serviço Secreto”, vestindo ternos impecáveis e escolhendo armas como se fossem vinhos). O filme também capricha mais no lado cômico, especialmente ao mostrar um código de civilidade entre os assassinos – que, proibidos de brigarem em certos ambientes, pausam a ação para tomar um drinque.

Pela própria ambição, “John Wick: Um Novo Dia Para Matar” não tem o mesmo ritmo ou o mesmo foco de “De Volta Ao Jogo” (título do primeiro filme, que abriu mão do nome “John Wick” no Brasil). Enquanto aquele ia direto ao ponto – um assassino vai atrás de vingança e a cumpre, passo a passo –; este se distrai em intrigas paralelas e tenta emplacar novos personagens, sem sucesso. Laurence Fishburne até faz uma participação (bastante confusa, infelizmente), relembrando os velhos tempos de “Matrix”; e Ruby Rose (xXx: Reativado) tem um papel esquecível.

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Se a relação com a cadela fora muito importante no longa anterior, aqui o novo parceiro de Wick parece servir apenas como acessório e é deixado de lado a maior parte do tempo. Ainda assim, é um alívio ver que mantiveram esse elemento, que quebra tão bem a tensão e de certa forma passou a definir o personagem. Quem não retorna são os carros magníficos que desfilaram no primeiro filme, movido justamente pelo roubo de um Mustang 1969. No novo filme, Wick troca o volante pelo transporte público, por táxis, trens e suas próprias pernas. Suas armas também são mais elaboradas, apesar de ele parecer se entender melhor, mesmo, com a velha pistola.

John Wick: Um Novo Dia Para Matar” é dirigido por Chad Stahelski, que trabalhou como dublê e coordenador de artes marciais de Reeves em “Matrix” e estreou na direção com “De Volta Ao Jogo”. Derek Kolstad também retorna ao roteiro. O filme estreia nos cinemas no dia 16 de fevereiro.

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